Pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais desenvolveram uma tecnologia que ajuda a determinar com precisão a idade gestacional de bebês prematuros, informação crucial para definir os cuidados necessários logo após o nascimento.
O dispositivo, batizado de Preemie-Test, estima o tempo de gravidez analisando a maturidade da pele do recém-nascido por meio da emissão de luz infravermelha. Quanto mais precoce o parto, mais fina e transparente está a epiderme, absorvendo mais radiação luminosa.
Idealizado pela ginecologista Zilma Reis e o físico Rodney Guimarães, o equipamento leva em conta também o peso do bebê e uso de corticoides pela gestante, medicamentos que aceleram a maturação fetal. Um software integra essas variáveis em algoritmos de inteligência artificial para calcular a idade do feto. Estudos mostraram precisão superior a 90% em relação ao padrão-ouro do ultrassom precoce.
O aparelho pioneiro permite que profissionais de saúde tomem decisões cruciais sobre os cuidados necessários ao recém-nascido, sobretudo em locais carentes de tecnologia e especialistas. Metade das crianças brasileiras nascem sem datação gestacional confiável, por falta do ultrassom inicial. Erros podem levar à negligência da prematuridade, reduzindo chances de sobrevida.
O Preemie-Test começou a ser exportado no ano passado para vários países. A startup fabricante, com sede em Minas Gerais e Portugal, obteve recentemente aprovação da Anvisa para comercialização no Brasil. Uma versão aprimorada também estima risco de complicações pulmonares, pois há relação entre maturação da pele e dos pulmões.
A inovação não substitui métodos tradicionais, mas auxilia profissionais onde faltam condições para realizar ultrassom obstétrico precoce ou depende-se de exames clínicos menos precisos. Pode prevenir mortes evitáveis, identificando necessidade de suporte ventilatório, hidratação venosa adequada e outros cuidados específicos aos prematuros.
O projeto teve financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates e programas de fomento do Brasil e Canadá. A união de conhecimentos médicos e tecnológicos permitiu desenvolver a solução prática para um problema grave de saúde pública relativo à prematuridade. O equipamento de baixo custo tem grande potencial para reduzir a mortalidade neonatal onde mais se precisa.
A tecnologia inovadora ilustra como avanços científicos podem gerar benefícios concretos à sociedade, melhorando a qualidade da assistência. Mostra também a importância de investimentos em pesquisa e o valor da cooperação internacional no enfrentamento de desafios globais na área da saúde.
O dispositivo pioneiro é fruto de estudo multidisciplinar envolvendo diversas especialidades. A parceria entre instituições acadêmicas, empresa nascente e agências financiadoras permitiu superar limitações e tornar viável essa solução promissora para aprimorar o atendimento neonatal.
O equipamento é mais um exemplo de como tecnologia pode apoiar decisões médicas, principalmente em cenários desfavorecidos, gerando impacto positivo. Seu uso tem grande potencial para reduzir complicações e salvar vidas de bebês prematuros ao redor do mundo. A iniciativa bem-sucedida serve de modelo para novas aplicações da ciência em prol da melhoria da saúde materno-infantil.